Breve leitura de “A máquina de carregar nadas” – Gustavo Matte – 25.11.2017

*por Gustavo Matte, poeta e doutorando em Teoria Literária na PUC-RS

25 de novembro de 2017

“A máquina de carregar nadas” é um livro interessantíssimo, construído em forma de “acumulação progressiva”, onde cada poema vai somando ao anterior ou o elevando ao extremo. Se, por um lado, os primeiros momentos são de certa rigidez formal, no sentido de ter regularidade e solidez no ritmo e nas melodias – contrastando, no entanto, com o etéreo dos temas -, a relação entre forma e tema vai gradativamente aumentando em tensão, até explodir em uma espécie de “abstração-limite”, num gesto que lembra o “poema-processo” – com rabiscos cegos seguidos de pautas musicais em que se repete, monotonicamente, a mesma nota “sol”, até desaguar no silêncio branco de uma página vazia. É nesse momento que o livro abandona completamente a experiência verbal-semântica para convidar o leitor a encarar uma breve jornada de experiência poético-sensorial, dissolvendo os limites (ou experimentando neles) entre a poesia e outras formas de arte.

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