Um poema de Matheus Guménin Barreto – Revista Matapacos nº3 – 5.2020

(Fonte: https://issuu.com/revistamatapacos/docs/matapacos__ed_3__abril_2020_alta )

 

O que vale um poema
O que vale um poema
menos que uma greve menos
que o operário menos
do que um grito menos
do que a fala menos
do que um braço menos
que um poema vale um poema bem menos
mais vale um cão vivo
e (quem sabe?) uma república.

3 poemas de Matheus Guménin Barreto – Revista Pixé nº14 – 1.5.2020

(Fonte: https://www.revistapixe.com.br )

3. El rumorear (26-3-2017, “Poemas espanhóis”)
(e entre os muros entre os ramos entre as fontes
por detrás do espelho
-d’água
rumoreja baixinho aquele sangue
derramado
além-mar)

*

4. Algeciras (26-3-2017, “Poemas espanhóis”)
encontro de tempos mais que de
pesso
as esquinas calçadas muros sombra.
como todo encontro este também:
de ausências
e de vento.

*

6. Oleaje (27-3-2017, “Poemas espanhóis”)
muro branco
onde os adeuses do mar se recolhem junto à sombra,
salgados e frescos.

***

Matheus Guménin Barreto (1992- ) é poeta e tradutor mato-grossense. É autor dos livros de poemas A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017) e Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (Carlini & Caniato, 2018). Doutorando da Universidade de São Paulo (USP) na área de Língua e Literatura Alemãs – subárea tradução -, estudou também na Universidade de Heidelberg e na Universidade de Leipzig. Encontram-se poemas seus no Brasil, na Espanha e em Portugal (Revista Cult, Escamandro, plaquete “Vozes, Versos”, Gueto, Palavra Comum e Diário de Cuiabá; entre outros), e integrou o Printemps Littéraire Brésilien 2018 na França e na Bélgica a convite da Universidade Sorbonne. Publica livro novo em 2020.